quinta-feira, 4 de setembro de 2008

O vício.

De início foi com toda sede ao pote. Mergulhou de cabeça. Deu tudo de si.
Embriagou-se de prazer.
Depois, sentiu a mais forte das ressacas, uma dor que não podia imaginar.
Viu que as coisas não eram mais como antes. E nem poderiam ser.
Sofreu.
O rumo que tudo tinha tomado era novo e a sensação que tanto buscara, não era mais a mesma.
E o que fazer?
O vício persistia.
Como a vontade continuava, ia, mas a ressaca era cada vez pior.
Sofreu.
Viu que não dava mais para ser assim, tinha que lutar contra o vício. E tinha que ser rápido, antes que se acostumasse com as dores.
Lutou.
Primeiro viu que não podia se dar ao luxo de ser radical.
Tentar cortar de uma vez por todas não foi uma boa idéia, a dor da abstinência era maior que a da ressaca.
Então foi diminuindo a freqüência.
Diminuindo.
Diminuindo.
Cada vez mais.
Foi conhecendo outros prazeres e passou a não ver mais graça nem sentido naquele que dava tanta ressaca.
Em um belo dia, com as nuvens mais brancas e o sol mais amarelo no céu mais azul, viu que era hora de despir-se do preto e colocar o branco para colorir.

PaulaCortez

Um comentário:

Anônimo disse...

Olá, desculpa a "invasão" no teu cantinho (blog), vim aqui ter por acaso.
Estou a adorar.
Não és escritora, poeta, filosofa, ..., mas escreves, pensas, muito bem.
Lindo.
Parabens.
Bjinhos.Pedro